quarta-feira, 27 de junho de 2012

Mad nA estraDa: O Viajante e sua Mochila



Mad nA estraDa: O Viajante e sua Mochila

Viajante:
__ Pronto, acabei! Acho que não estou esquecendo nada.

Mochila:
__ Tem certeza? Sempre é bom dar uma última conferida.

Viajante:
__ Pois é! Você tem razão. Aliás, você sempre tem. Vou conferir mais uma vez. Deixe-me ver... hummm. Roupas para o frio. Saco de dormir. Manta térmica. Uma lanterna. Um livro de poesias. Um de “loucuras”. Um caderninho em branco para eu anotar as poesias e loucuras que não estiverem contidas nos livros. Pronto! Está tudo ok.

Mochila:
__ Pensa bem. Tem certeza que está tudo aí?

Viajante:
__ É claro que não tenho certeza! Você sabe que eu nunca tenho! Ainda mais se tratando de uma viagem dessas. E você? O que você acha que sabe? Ao invés de ficar aí apenas me olhando e fazendo estas perguntas, por que não me ajuda e diga-me o que mais tenho de levar?

Mochila:
__ É simples! Além do que você já citou, o que mais você acredita que poderá lhe ser útil nesta viagem?

Viajante:
__ Ah! Acho que entendi! Mas isso é loucura, essas coisas não caberiam na mochila.

Mochila:
__ Loucura é você estar conversando com uma mochila! Isso sim é uma loucura! Agora venha cá, abra um pouco mais a mochila, e coloque estas coisas que estão faltando.

Viajante:
__ Tudo bem! Vou tentar não esquecer mais nada desta vez. Bom, certamente eu precisarei de alguma saudade. Sei que ela machuca um pouco, às vezes, mas também sei que ela é uma das fontes de inspiração mais autênticas que existem. Como dizia o poeta, “saudade é pra quem tem”, e já que eu tenho, irei levá-la. Levarei também um pouco de cuidado, afinal, nunca sabemos quando iremos precisar. Uma pequena dose de ânimo, caso, eventualmente, este venha a faltar. Ah! Não posso esquecer-me da loucura que, assim como o cuidado, também nunca sabemos quando iremos precisar. E para finalizar, aquilo que não pode faltar de forma alguma, um “abridor de mente”. É isso mesmo! Um “abridor de mente”. É que nem tudo que eu juntar pelo caminho irá caber na mochila, então, o que não couber, eu colocarei aqui dentro, neste compartimento extra que fica acima do pescoço. Certamente eu ficaria muito chateado se tivesse de deixar alguma coisa pelo caminho pelo fato de a minha mente se encontrar fechada. Pronto! Agora acho que acabei.

Mochila:
__ Olha lá! Acho que você está esquecendo uma coisinha.

Viajante:
__ O quê?

Mochila:
__ E o medo? Você não irá levar o Medo?

Viajante:
__ Ah! O Medo! O Medo não cabe na mochila. Ele está aqui do meu lado o tempo todo. Fica olhando para mim e fazendo umas caretas. Ele quer ir junto. A minha sorte é que a coragem é maior do que o medo. Então ela ficará aqui o segurando para que eu possa seguir viagem. Depois é torcer para que em nenhum momento o medo fique mais forte do que a coragem e se desvencilhe dela. Bom, acho que terminei! Agora que a mochila está cheia eu posso, enfim, fechar o último zíper de consciência e partir.

Mochila:
__ Cheia? Pode estar completa para o momento, mas cheia, nunca. Aqui sempre se arruma lugar para mais alguma coisa. Aqui sempre cabe um pouquinho mais de histórias e, consequentemente, VIDA.

Então o viajante colocou sua mochila nas costas e saiu, mas antes deixou um bilhete que dizia o seguinte: Fui encher um pouco mais a “mochila” e já volto!

MAD