segunda-feira, 16 de julho de 2012

Mad nA estraDa: Carta aos senhores colonizadores



Mad nA estraDa: Carta aos senhores colonizadores

Caros senhores colonizadores,

Como os senhores tem passado? Fiquei sabendo que não andam muito bem. Pois então, algumas de suas (ex)-colônias sabem muito bem o que é isso. Aliás, elas nunca souberam o que seria o contrário. Mas, infelizmente, não podemos fazer nada pelos senhores. Para falar a verdade, venho lhes trazer outras más notícias.

Sabe aquela dívida que os senhores têm com as (ex)-colônias? Pois então, esta dívida já venceu. Na verdade, ela já venceu faz algum tempo, mas, diante da vossa situação, seremos compreensivos e, por isso, não lhe cobraremos juros. Sabemos que o vosso momento é delicado, mas como os senhores bem sabem, dívidas são dívidas e elas foram feitas para serem pagas. Não é mais ou menos assim que os senhores ensinaram?

Até poderíamos não os cobrar, como forma de gratidão por tudo àquilo que nos fizeram, afinal, vocês aniquilaram aquela cultura inútil que existia por aqui e implantaram um novo modelo que é um exemplo a ser seguido. O que seria de nós sem estas inúmeras igrejas a disposição para aliviar todos os nossos anseios? Além do mais, se um único deus já não é muito fácil de ser compreendido, imagina como seria se continuássemos a cultuar vários deuses. Por esse novo modelo de ilusão, seremos eternamente gratos a vocês.

Contudo, infelizmente, a situação também não está fácil por aqui, ou melhor, nunca esteve. Algumas de suas (ex)-colônias precisam urgentemente que os senhores paguem esta dívida. Mas não se preocupem! O dinheiro não será usado para comprar carros de luxo, roupas de grife ou joias. Asseguro-lhes que o povo daqui não irá querer ser igual aos senhores. Até porque, seria um constrangimento muito grande para os senhores verem os seus leais súditos gozando do vosso padrão. Já imaginou os “cara abajo” passando pelos senhores com a “cara arriba”? Não, não! Eles querem apenas poder pagar por um pouco mais de saúde, alimentação e dignidade. É que aquelas migalhas que os senhores deixaram já não estão servindo mais.

Portanto, senhores colonizadores, transfiram o mais rápido possível o dinheiro referente à venda de todo aquele ouro, prata e tantas outras riquezas que foram “gentilmente” tiradas destas terras. Lamento também informá-los que o prazo para o pagamento é curto. É para hoje, de preferência para ontem. É que os vossos bancos têm cobrado juros desumanos por um dinheiro que algumas (ex)-colônias tiveram de pegar emprestado. E, caso os senhores estejam ocupados demais cuidando da ponta dos vossos narizes, saibam que em uma das (ex)-colônias aprenderam a fazer cirurgias plásticas incríveis. Talvez eles possam ajudar a encontrar o formato de ponta de nariz ideal para os senhores. Há quem diga que eles também conseguem operar verdadeiros milagres naquele mundo que se encontra em volta dos vossos umbigos. Aproveitem para irem todos juntos. Quem sabe assim os senhores colonizadores até consigam um descontinho e, com o dinheiro deste desconto, possam começar a pagar tudo àquilo que nos devem.

Muito Obrigado!
Muchas gracias!

Att,
América Latina

MAD

Um comentário:

  1. Cantar
    Oscar Cerruto

    Mi patria tiene montañas,
    no mar.
    Olas de trigo y trigales,
    no mar.
    Espuma azul los pinares,
    no mar.
    Cielos de esmalte fundido,
    no mar.
    Y el coro ronco Del viento,
    sin mar.

    Andar
    Jaime Baghá

    E tua Pátria Rafael,
    tem mar
    E te espera amigo
    para ver novamente o mar
    Contar história de povos andinos
    sem mar
    Pra você se encontrar
    no mar
    Tua essência latina
    de montes e mares
    De entender estes povos
    e amar.

    abraço, Jaime

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