sexta-feira, 27 de julho de 2012

Mad nA estraDa: A estupidez humana não respeita fronteiras




Mad nA estraDa: A estupidez humana não respeita fronteiras

     Para aproveitar melhor as 10 h que terei dentro de um ônibus entre as cidades chilenas de San Pedro de Atacama e Arica, resolvi escrever este texto sobre algo que chamou muito a minha atenção quando cruzei a fronteira da Bolívia com o Chile. Chamou-me a atenção o fato de algumas coisas respeitarem tanto uma fronteira.

É impressionante a diferença que se percebe entre um lado e outro. Agora, por exemplo, estou em um ônibus muito confortável, rodando sobre uma estrada boa e com uma relativa facilidade para digitar este texto. E não estou em um ônibus confortável porque paguei mais por isso, estou em um ônibus confortável porque aqui, no Chile, os ônibus que vão de uma cidade para outra são assim.

Já na Bolívia, grande parte dos ônibus estavam em condições precárias. Sem falar nas estradas, onde em muitas delas os buracos eram tantos que eu tinha dificuldade até mesmo para manter o computador no colo, quem dirá digitar um texto. Mas não precisaria nem mesmo entrar em um ônibus em cada país para perceber estas diferenças, bastaria cruzar a fronteira.

Enquanto que no lado boliviano o posto de migração é no completo improviso, no lado chileno o tal posto já é bem mais equipado. Sem falar no asfalto, que começa tão logo se passa para o lado chileno. Tudo isso analisando apenas os aspectos relacionados à infraestrutura, sem analisar as condições humanas deste contraste. Se analisarmos as condições humanas, veremos que as fronteiras limitam muito mais do que um simples ônibus confortável ou uma estrada boa. Veremos que as fronteiras limitam também oportunidades, dignidade, esperança, sonhos, enfim, limitam o direito de igualdade que todo ser humano tem perante o outro. Veremos que de um lado há um povo que sofre muito mais do que aquele que se encontra do outro lado. Não que o outro lado não sofra, mas certamente sofre menos.

Vendo todo este contraste, torna-se inevitável eu não me fazer algumas perguntas. Pergunto-me como pode uma simples linha imaginária ocasionar tamanha diferença? Ou seria apenas indiferença? Como pode estas delimitações geográficas saírem dos mapas e entrarem nas cabeças das pessoas? Como pode o ser humano ser tão limitado a ponto de permitir-se delimitar? Ao me responder estas perguntas, consigo chegar a uma única resposta: existem muitas coisas que respeitam fronteiras, talvez a estupidez humana seja uma das únicas que não.

MAD

(Foto por Gilliard Lach)

2 comentários:

  1. O Revolucionário de Si mesmo, quer se tornar Revolucionário do mundo, mesmo que ainda seja para poucos privilegiados.

    Um abraço mad.

    ResponderExcluir
  2. O mundo deveria ser cosmopolita! Por que não posso ir e vir sem pedir permissão para esses tiranos que simplesmente se apossaram, da pior forma possível, desse mundão que é de todos nós?
    Rafa, tens que ler o livro "Enterre meu coração na curva do Rio". Lembrei dele lendo os teus postes. Esses tal colonizadores!

    ResponderExcluir

E você, em que universo está?